1. Um pouco da minha história
A Síndrome de Sjögren (SS) é uma doença auto-imune crônica, em que o sistema imunológico do corpo erroneamente ataca as glândulas produtoras de lágrimas e saliva. Assim, as características principais da SS são secura nos olhos (xeroftalmia) e na boca (xerostomia), mas ela também pode causar secura de pele, nariz e vagina, além de afetar outros órgãos do corpo, inclusive os rins, vasos sangüíneos, pulmões, fígado, pâncreas e cérebro. Além de poder causar fadiga e dor nas articulações que podem comprometer de forma significativa a qualidade de vida do paciente.
Quando a Síndrome de Sjögren ocorre de forma isolada, sem a presença de outra doença de tecido conjuntivo, é chamada de Sjögren Primária. Quando os sintomas são acompanhados de uma doença do tecido conjuntivo como artrite reumatóide, lupus ou esclerodermia, caracterizam Sjögren Secundária.
As informações sobre a Síndrome de Sjogren foram retiradas da página "Lágrima Brasil": http://www.lagrima-brasil.org.br/
2. Um pouco mais da minha história
Aprendi que a SS não tem cura, mas foi muito importante diagnosticá-la logo no início intervindo precocemente e alterarmos o curso da doença, não permitindo grandes avanços. Considero que os sintomas manifestados pelo meu organismo foram severos e ainda por cima não respondia aos remédios, desse modo precisei trocar o tratamento algumas vezes, e os médicos foram testando com medicamentos cada vez mais fortes.
Na medida em que os sintomas iam aparecendo havia a necessidade de me consultar com médicos especialistas de áreas diferentes, então montei a “minha” junta médica, com reumato, gineco, dermato, gastro, oftalmo, endócrino, cardio, nefro, nutricionista, terapeuta e acupunturista. Estes profissionais conhecem o meu histórico e sempre que é preciso posso gritar por socorro, sem precisar contar tudo novamente. Hoje estou muito bem, com a Síndrome “sob controle”, sem dores que se prolongam, consegui aumentar a quantidade de saliva e lágrima, e tomo doses pequenas de medicações para aliviar os sintomas da secura na boca, olhos e pele e para modificar o curso da doença, e após alguns adiamentos tentando engravidar.
Nesse processo elaborei e adotei como lema uma frase: Somos pessoas normais, que necessitamos de cuidados especiais.
* - Para se obter maiores informações sobre o consenso dos critérios utilizado para Diagnóstico da síndrome de Sjögren acessar o artigo da Revista Brasileira de Otorrinolaringologia no link: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72992002000300011 e também na página "Lágrima Brasil": http://www.lagrima-brasil.org.br/portugues/especialidades/reumatologia/consenso.htm
3. Domando a Síndrome de Sjogreen e a Artrite Reumatóide
Um medicamento anti-reumático modificador da doença (MARMD), porém "não deve ser utilizado em mulheres grávidas, em mulheres que possam engravidar ou que estejam a amamentar"*, por causar má formação fetal nos casos de gravidez durante o tratamento e necessidade de dois anos para o organismo conseguir expelir naturalmente o "leflunomide", o princípio ativo, segundo a bula.
Iniciei o Arava em janeiro de 2003, e tive uma melhora excepcional com o remédio, as dores aos poucos foram diminuindo até sumirem, hoje em dia, de vez em quando sinto uma dor aqui outra ali, mas nada comparado com as sentidas logo que descobri a AR, e também tive melhoras consideráveis nos resultados dos exames de controle da doença. Tomei essa medicação até dezembro de 2005.
No 1º semestre de 2007, já trancorridos 1 ano da pausa da medicação, conversei com a reumatologista sobre os meus planos de engravidar no 2º semstre e 2007, e se isso era possível para esse ano, isso é, se eu tinha condições clínicas para levar esse sonho para frente, e ela me deu carta branca, apenas observando o período de 1 ano e meio para realização de exame para aferir se o organismo estava limpo da substância ativa. Procurei nos laboratórios clínicos de Brasília, e descobri que nenhum fazia essa aferição, e não consegui retorno do responsável pela representação da medicação no Brasil. O proposto então era seguir o recomendado na bula do medicamento, aguardar 2 anos a suspensão do medicamento para iniciar as tentativas de engravidamento.
* - Informações sobre o Arava: consulte o Relatório Público Europeu de Avaliação (EPAR) -
http://64.233.169.104/search?q=cache:L1Z-6yIsynYJ:www.emea.europa.eu/humandocs/
PDFs/EPAR/Arava/169499pt1.pdf+arava&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=2&gl=br&lr=lang_pt&client
=firefox-a
4. Os 1º preparativos: consulta com a reumatologista
Estive primeiramente com a reumatologista, em outubro de 2007, nessa consulta coloquei para ela alguns medos e preocupações que eu tinha quanto a possibilidade de ter uma gravidez complicada, com riscos aumentados tanto para mim quanto para o bebê, se havia risco de gerar uma criança com algum problema em decorrência de eu ter a Síndrome. Ela me tranquilizou dizendo não ter nenhum problema de engravidar, de gerar por causa da Síndrome. Os riscos de gerar filhos com algum problema são iguais a de uma mulher sem a Síndrome. Inclusive relatou que 70% das mulheres com Artrite Reumatóide referem melhoria da artrite durante a gravidez. Veja texto na íntegra falando sobre esse assunto no site da Associação Nacional de Doentes com Artrites e outros Reumatismos da Infância (A.N.D.A.I.):
http://andai.org.pt/aspectos_sociais/artrite_gravidez/document_view.
Me solicitou exames, denominado pela medicina de “Prova de Atividade Inflamatória” para ver se a Síndrome de Sjögren e a Artrite Reumatóide estavam inativas, e é claro os exames clínico traduziram o que eu já sabia, ou seja estava tudo ok, estava tudo certo, agora é aguardar o período solicitado pelo fabricante do medicamento.
E quais são os exames da “Prova de Atividade Inflamatória”:
- Hemograma;
- Creatinina;
- TGO e TGP;
- Fator Reumatóide;
- VHS;
- Proteína C Reativa;
- Alfa 1 Glicoproteíca, e
- Urina
5. Consulta à ginecologista
- Hemograma - Constata a presença de anemia.
- Glicemia - Constata a presença de diabetes (açúcar no sangue).
- VDRL - Constata a presença de sífilis, doença sexualmente transmissível, que senão tratada pode ocasinar sérios problemas de saúde ao bebê.
- Tipo Sangüíneo - Identifica o tipo de sangue da futura mamãe. Caso o RH seja negativo, será necessário acompanhamento especial.
- Anti-HIV - Detecta a presença do vírus da AIDS. Caso seja constatado, o tratamento será direcionado para NÃO passá-lo ao bebê.
- Rubéola, Toxoplasmose e Hepatites A, B e C (IGG e IGM) - Se o exame mostrar reações para IgG positiva e IgM negativa, a paciente é considerada como "imunizada". Se as reações para IgG e IgM forem negativas, existe o risco de contaminação durante a gestação atual e todos os cuidados devem ser tomados.
- Citomegalovírus – Detecta a presença do vírus citomegalovirus, que é um tipo de herpes. Caso seja constatado, o tratamento será direcionado para NÃO passá-lo ao bebê.
- Exame de Urina - As infecções necessárias serem cuidadas durante a gestação são infecção no Trato Baixo, Uretrite, Cistite, Pielonefrite, Bacteriúria Assintomática
6. Infecção no Trato Urinário e a gravidez
Mas, surgiu um imprevisto... não havia ainda relatado, por ainda ter sido necessário.
No ano de 2006 tive várias Infecções no Trato Urinário - ITU (Contagem de Colônia: superior a 100.000 Escherichia Coli): descobria, tratava com antibiótico (ciproflaxacina), ficava um tempo sem a infecção e depois ela voltava.
Em dezembro de 2006, o nefrologista, propôs tomar um antibiótico de forma profilaxa, usado por seis meses, a nitrofurantoína, um agente antibacteriano específico do trato urinário, age de forma original por interferir nos vários sistemas enzimáticos da bactéria sem ocasionar resistência microbiana.
Tomei até julho de 2007, e o esperado com esse tratamento, dizem ser um tipo de quimioterápico, era não mais houvesse reincidiva, porém com menos de dois meses sem a medicação a Infecção do Trato Urinário retornou, fizemos o tratamento convencional de 7 dias de antibiótico (ciproflaxacina) e observasse.
Porém em novembro de 2007, apareceu novamente Escherichia Coli com colônia superior a 100.000, retornei, então, ao nefrologista e este recomendou voltar o tomar a Nitrofurantoína por mais 6 meses.
E aí como ficam os meus planos de engravidar no início do ano de 2008?
7. Resolvendo a questão da Infecção do Trato Urinário
E aí como ficam os meus planos de engravidar no início do ano de 2008?
O nefrologista recomendou esperar os 6 meses (esperar até maio de 2008) e só então suspender o anticoncepcional, sinceramente me angustiei, pois não tinha nenhuma certeza que após o término do período eu não haveria mais retorno da Infecção de Trato Urinário.
Era aguardar e aguardar... e ver como iria ficar...
A reumatologista verificou, e o tratamento utilizado em gestantes com Infecção Urinária de Repetição no Hospital em que trabalha é a Nitrofurantoína, e se se utiliza é por não ter problema para o feto.
Retornei na ginecologista, e a informação foi reforçada, o antibiótico utilizado por ela quando acontece de uma gestante ter a ITU é a Nitrofurantoína. Pronto resolvido essa questão.
Teremos que cuidar disso pois as infecções do trato urinário (ITU) constituem uma das complicações clínicas mais comuns na gravidez, com grande risco de implicações maternas e fetais quando não tratadas adequadamente.
Leia mais sobre o assunto em artigo da Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-72032002000700007&lng=
E também no site da Biblioteca Médica Virtual:
http://www.bibliomed.com.br/book/showdoc.cfm?bookid=60&bookcatid=26&bookchptrid
8. Finalmente completaram dois anos
Finalmente a data aguardada chegou: 21/12/2007, dois anos sem o Leflunomide, agora era cuidar dos itens práticos, afinal de contas de acordo com os resultados dos exames estava tudo certo, com a minha disposição e vontade também.
Nos demos conta de não ter sido verificado se algum dos remédios que tomo são contra-indicados o uso durante a gravidez
Não citei anteriormente por não achar pertinente, mas agora relacionarei os remédios que tomo e qual a indicação da medicação apenas para situar para a preocupação surgida nesse momento:
Euthyrox 125 mg : Hipotiroidismo
Predinisona 2,5 mg : Síndrome de Sjogrën
Plaquinol 400 mg: Artrite Reumatóide
Lexapro 20mg: Artrite Reumatóide
Ablock Plus 50 mg : Pressão alta
Sandoz F: Osteopenia
Nitrofurantoína 100 mg: Infecção Urinária
Vitamina C: Infecção Urinária
Após a consulta foi indicado que lentamente retirasse o Lexapro, esse processo durou mais de um mês. O Ablock Plus foi substituído pela Hidroclorotiazida 25 e o Metildopa 500 mg.
9. Em busca de um obstetra
Logo com a primeira ginecologista/obstetra me deparei com algumas novidades. Quando falei a ela do uso da nitrofurantoína para controlar as infecções do trato urinário de repetição, ela me recomendou aguardar o término do tratamento, e ver como o organismo reagiria. Na concepção dela, pelo menos no primeiro trimestre, a gestante não deveria usar nenhuma medicação.
Perguntei por curiosidade quais medicamentos ela recomendaria suspender o uso: Plaquinol, a Predinisona e a Nitrofurantoína, além de que me sugeriria ficar 2 meses sem o anticoncepcional
* - informações sobre gestação de alto-risco acessar: